
Professor do UNIFOR-MG tem artigo publicado em livro
terça-feira, 23 de agosto de 2016.
O Prof. Me. Francimário Vito participou da equipe de autores da publicação “Entre interiores e Capitais: Antropologia, Formação e Pesquisa no Rio Grande do Norte” (Editora AnnaBlume). O lançamento ocorreu no dia 4 de agosto, durante a 30ª Reunião Brasileira de Antropologia – RBA, no Salão Principal da Reitoria da Universidade Federal da Paraíba, na cidade de João Pessoa.
Foto: Da esquerda para a direita: o organizador do livro, Prof. Dr. Edmundo Pereira, docente do Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ); o Prof. Me. Francimário Vito, do UNIFOR-MG; e a também organizadora da obra, a Profa. Dra. Elizete Schwade, docente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAS-UFRN).
O docente do Centro Universitário de Formiga-MG participou como autor do artigo “Notas sobre o Ofício de Rezadeiras em Cruzeta (RN): Práticas Terapêuticas e Comunhão de Crenças”, que reflete sobre as práticas das rezadeiras a partir de uma perspectiva antropológica, cuja atenção está voltada para a compreensão dessa prática como um processo dinâmico, tendo Cruzeta (Seridó Potiguar) como contexto de pesquisa etnográfica.
Além disso, o texto discute a relação das rezadeiras com as práticas terapêuticas dos profissionais da biomedicina e as práticas religiosas do padre e do pastor evangélico, de modo que é possível perceber a complementaridade entre práticas terapêuticas com lógicas diferentes. A descrição dos rituais também é um fator primordial para a compreensão das práticas religiosa e terapêutica realizadas por essas mulheres. Portanto, a partir da construção de um olhar etnográfico, o texto busca traduzir como as rezadeiras interpretam a saúde e a doença, sobretudo levando em consideração as “doenças de rezadeiras”.
O Prof. Me. Francimário Vito contou que o livro é resultado das primeiras dissertações de mestrado defendidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRN, no período de 2005-2010. Ele comentou também que possui vários artigos divulgados em periódicos nacionais, mas que esse é o primeiro a compor uma publicação impressa. “A obra, além de reunir artigos elaborados a partir de pesquisas etnográficas consistentes, é organizada por antropólogos renomados na área”, salientou.
O entrevistado explicou que uma publicação é sempre bem-vinda, porque socializa para a comunidade em geral a produção de conhecimento elaborada na universidade. “Por outro lado, reconhece a importância dos saberes tracionais de cura, no caso a práticas das rezadeiras, que envolvem crenças e dinâmicas, muitas vezes inferiorizadas pela medicina oficial”, argumentou.
30ª Reunião Brasileira de Antropologia
A RBA reúne pesquisadores e antropólogos de diversos países. É o maior evento na área no Brasil e foi realizado no período de 3 a 6 de agosto em João Pessoa, na Paraíba. Além do lançamento do livro, o Prof. Me. Francimário Vito dos Santos apresentou o trabalho “Reflexões etnográficas sobre a política de preservação das congadas mineiras, mobilização da base social, elaboração de diálogos entre agentes e detentores, apropriações dos conceitos institucionais e conflitos em duas cidades do centro-oeste mineiro”.
O estudo foi exposto ao Grupo de Trabalho “Antropologia dos Patrimônios e Esfera Pública”, coordenado pelas antropólogas Dra. Renata Gonçalves (Universidade Federal Fluminense) e Dra. Izabela Tamaso (Universidade Federal de Goiás). O docente contou que a pesquisa é uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das festividades em torno das homenagens à Nossa Senhora do Rosário (congadas, reinados, etc), atualmente conduzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). “O objetivo é refletir sobre a mobilização da base social, sobretudo como os atores envolvidos absorvem determinados conceitos institucionais da política de preservação da cultural imaterial e deles se apropriam”, afirmou.
No estudo, conta o professor, também são feitas reflexões acerca dos conflitos e/ou tensões, percebidos nas falas de alguns congadeiros, decorrentes do momento que o poder público municipal passa a conduzir a organização de práticas ditas tradicionais, antes organizadas pelo povo, como é o caso da festa de reinado da cidade de Araújos.