
Impacto ambiental
quarta-feira, 10 de novembro de 2010.
Ele explica que, com o atual rebaixamento das águas do lago de Furnas, populações inteiras de moluscos bivalves ficaram expostos (novamente) à atmosfera e morreram sufocados e desidratados pelo sol. “Esses moluscos atingem grandes tamanhos, chegando a ultrapassar os 15 cm. Como possuem hábitos extremamente discretos, em tempos normais, passam completamente despercebidos para a maioria das pessoas. Mas, quando a ausência de água faz com que se desenterrem do barro em frenética agonia, torna-se fácil localizar suas conchas abandonadas na superfície, por vezes, exalando o acre odor de seus corpos ainda em decomposição. Daí, restam apenas suas belas conchas abertas no leito seco do lago, como testemunhos dos últimos momentos de agonia desses moluscos. Eventualmente, podem ser encontradas neles pequenas pérolas, com um belo brilho, semelhantes às de moluscos marinhos, porém, com um valor comercial bem menor”, conta.
Segundo o professor, esses moluscos estão começando a virar “praga”, em pisciculturas de todo o país. “Eles são comestíveis e podem vir a se tornar uma nova alternativa de renda em atividades de piscicultura, além de se prestarem para a produção de nácar para indústria de botões e artesanato e também para a perlicultura de água doce, a naiadicultura ou criação de bivalves de água doce.” Entretanto, o professor recomenda cuidado quanto ao consumo dos moluscos. “Sendo organismos filtradores, se a água estiver contaminada, eles também poderão estar. Consumir a iguaria cozida é o mais seguro”, afirma.
O professor encerra comentando o futuro da espécie. “Depois da introdução de tucunarés, outros moluscos e camarões gigantes da Malásia para infernizarem a vida dos seres nativos das águas de Furnas, presenciamos, agora, a lenta agonia de um humilde habitante dessas águas, mas que, em sua aparente fragilidade, reserva dentro de si mais de 500.000.000 de anos de evolução. Não será um mero rebaixamento das águas que irá exterminá-lo”.