
Alunos e professores de Serviço Social visitam assentamento de sem terras
sexta-feira, 18 de setembro de 2015.
Uma visita técnica foi realizada por alunos do curso de Serviço Social do UNIFOR-MG ao Assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Margarida Alves, no munícipio de Bambuí. A visita foi acompanhada pelo coordenador do curso, Prof. Warles Rodrigues Almeida, e pelos professores Bruno Alvarenga Ribeiro, Nirlanda Gliceia e Jaqueline Aparecida de Souza.
Na ocasião, os acadêmicos puderam ter contato com a realidade dos movimentos sociais agrários brasileiros e conheceram um pouco mais sobre a história do MST. O contato possibilitou compreender como esses movimentos são importantes para a efetivação dos direitos dos trabalhadores rurais, para a consolidação da reforma agrária e da agricultura familiar e para o fortalecimento da democracia brasileira.
Segundo o coordenador do curso de Serviço Social, a realização dessa atividade teve como objetivo proporcionar aos alunos a aproximação com a realidade social do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra que vivem diretamente os rebatimentos da questão social. O Prof. Warles Rodrigues salientou, ainda, que a visita proporcionou importantes reflexões que possibilitam o aprofundamento da pesquisa no âmbito do Serviço Social.
O coordenador enfatizou que o princípio da reforma agrária não é apenas dar um pedaço de terra para uma família começar uma nova vida, mas é, também, lhe possibilitar condições para que isso aconteça. “Ao longo dos anos, houve avanços significativos em créditos e fomentos que possibilitam os passos iniciais de produção e autosustentabilidade dos assentados no Brasil, porém, esses recursos de incentivos só estão disponíveis para os que detêm uma série de documentação regularizada”, acrescentou.
Ao final da visita técnica, ficou acertado com os líderes do assentamento a possibilidade de realização de uma mesa redonda que retrate a temática dos movimentos sociais agrários brasileiros. A ideia é que esse evento ocorra ainda este semestre, mediante parceria estabelecida entre o curso de Serviço Social do UNIFOR-MG e os membros da executiva estadual do MST. O objetivo seria promover uma maior aproximação entre o meio acadêmico e os movimentos sociais que lutam pela efetivação da reforma agrária brasileira.
Visão sobre a visita técnica
Para o Prof. Bruno Alvarenga, a visita foi como tomar um banho de realidade. “A simplicidade dos membros e líderes do Assentamento Margarida Alves é muito mais profunda e politizada do que a retórica de muitos acadêmicos”, comentou.
De acordo com o aluno Ulisses Goulart, do 6º período do curso de Serviço Social, a visita ao Assentamento Margarida Alves foi ótima. “Aprendemos na prática o que realmente é um Acampamento do MST, tiramos nossas dúvidas e discutimos sobre esse movimento. O que me impressionou foi a organização que esse movimento tem e o grau de comprometimento de seus membros em prol da sua ideologia. Além disso, o que é interessante observar é a capacidade de análise crítica de sociedade que eles conseguem fazer”.
O coordenador do curso de Serviço Social, Prof. Warles Rodrigues, enfatiza que essa visita foi de grande contribuição para a formação profissional, pois ir a campo para conhecer essa realidade possibilita uma relação com a teoria vista em sala de aula.
Segundo a aluna Sônia Maria da Silveira, a visita técnica ao Assentamento Margarida Alves proporcionou um momento ímpar aos alunos do curso de Serviço Social. “Difícil descrever com palavras a emoção que foi estar junto ao movimento social. A visita nos possibilitou aproximar de uma realidade de lutas diárias por direitos fundamentais, os quais deveriam ser garantidos e não exigidos. Realidade bastante diferente da que assistimos na mídia brasileira, o nível de organização, de politização, de civilidade e cidadania desse povo impressiona, suas falas muito se aproximam de discursos universitários. Análises críticas com uma propriedade e contundência surpreendentes acerca da ausência do Estado, posicionamento dos sindicatos, sobretudo, do coronelismo que ainda impera em algumas regiões. Diante dessas observações, considero importante a interlocução do Serviço Social com os movimentos em tempos de resistência. Nesse sentido, parabenizo e agradeço pela iniciativa e pela oportunidade. Agradeço, especialmente, ao líder e integrantes do assentamento que nos receberam com tamanha disponibilidade. MST a luta é para valer”, salientou a acadêmica.
A aluna Helena Rabelo, do 6º período, destaca que a visita no Assentamento Margarida Alves foi realizada num momento muito oportuno, visto que as disciplinas de Organizações e Práticas Sociais e Planejamento e Gestão de Programas e Projetos Sociais II estão discutindo sobre os movimentos sociais. “Enquanto discente do curso de Serviço Social, percebo a importância de a profissão dialogar com os movimentos sociais. Percebeu-se o nível de politização e de organização dos assentados, bem como o quanto a mídia distorce a ideologia e a verdadeira luta do MST”.
Ainda segundo o coordenador, a visita foi de extrema relevância no processo de formação acadêmica, pois proporcionou a correlação necessária entre a teoria e prática as quais possibilitam a elaboração de reflexões críticas que desmitificam a ideia que o Movimento Sem Terra é um povo desorganizado e sem nível cultural.