A Profa. Dra. Sandra de Almada Mota Arantes representou o UNIFOR-MG no III Seminário Internacional em Memória Social, realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Atua, principalmente, nos seguintes temas: memória, alteridade, invenção autobiográfica, linguagem, cultura e discurso, foi a única convidada de unidade de ensino superior particular a constar na programação. Com o tema “Memória e Turismo: Roteiros, Trajetórias, Discursos e Subjetividades em Construção”, o evento se propôs ao diálogo em espaços para além da academia e, assim, os trabalhos ocorreram também no Centro Cultural José Bonifácio e no Instituto Europeu de Design. Ambos lugares de memória, cujos significados colaboraram para os debates.

A investigação “Resistência ao Holocausto: permanecer humana em condições desumanas” foi apresentada pela docente do Centro Universitário de Formiga junto a “Memórias traumáticas na contemporaneidade” (Sofia Débora Levy – UNIRIO), “Freddy Glatt: elaborações de memórias traumáticas do Holocausto” (Sofia Débora Levy, Francisco Ramos de Farias – UNIRIO), “ANNE. A Última Narrativa” (Glaucia S. Gama e Silva – UNIRIO), “A contribuição do Cordel para a memória da ditadura brasileira” (Nadya Maria Deps Miguel – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rejane Rosa do Amaral Monteiro – UNIRIO), “Charlottesville: as manifestações do fascismo eterno em disputas pela memória” (Eduardo da Silva Rocha, Sofia Débora Levy – UNIRIO).

Na capital carioca, a profissional do UNIFOR-MG ministrou ainda a palestra “Mulheres de Ravensbrück: em nome da memória” no “Centro de História e Cultura Judaica”. A atividade contemplou professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro do Grupo de Estudos sobre o Holocausto. Para participar dos eventos, a Profa. Dra. Sandra de Almada Mota Arantes contou com o apoio do Centro Universitário de Formiga. Ela destacou que essas iniciativas são de grande importância para suas pesquisas e vida acadêmica, porque em geral, os conteúdos trazidos para debate são os mais atualizados possíveis, instigam dúvidas das mais diversas áreas.

“Os profissionais que participam são mais especializados no tema, e isso permite discussões mais aprofundadas e excelentes níveis de debates. É uma boa oportunidade de entrar em contato com ideias diferentes, perspectivas de outras áreas, estudos inovadores e pontos de vista distintos que levam o professor a conduzir seu aluno à formação de opiniões, à percepção de que a vida universitária vai muito além das salas de aula. Um professor que se atualiza contribui para que seu aluno tenha uma formação verdadeiramente transversal”, ressaltou.

Dedicação

A Profa. Dra. Sandra de Almada Mota Arantes começou seus estudos sobre resistência feminina em 2007. Com o tempo, interessou-se pelo Holocausto, um dos episódios mais obscuros da humanidade. Também conhecido como Shoá, é o genocídio em massa de cerca de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. As escritas enveredaram por esse caminho e renderam muitas histórias. Ela adiantou alguns detalhes sobre seu livro, como as grávidas no campo de extermínio nazista, Kapos (recrutados para supervisionar os campos de morte), Johana Loengefeld (chefe do campo: Ravensbrück) e Himmler (chefe dos campos de concentração).

Apesar de mais de quatrocentas páginas produzidas, a entrevistada confessa as dificuldades que a fizeram interromper seu projeto por alguns meses e quase paralisar a descrição das vidas estraçalhadas pelo nazismo. Dentre outras coisas que a levaram à superação, estavam as linhas e as entrelinhas de “A Guerra não Tem Rosto de Mulher”, de Svetlana Alexijevich. Ela sentiu como se as letras “saltassem aos seus olhos…”. Foi um chamado, uma obrigação… Em suas palavras: “devia contar sobre as mulheres que leu para que as tragédias não se repetissem”.

Além dessa nobre tarefa, tem uma forma especial de elaborar sua narrativa. Revela que quando quer citar um autor, vai diretamente conversar com a fonte. É como se pedisse uma “licença poética” para “recontar”. Foi assim que conheceu Mário Escobar, autor de “Canções de Ninar” e Sofia Débora Levy, autora de “Atrás das Minhas Pegadas: Memórias de um Sobrevivente do Holocausto” (com Abraham Warth, Garamond, 2005) e “Sobre Viver: Oito Relatos Antes, Durante e Depois do Holocausto por Homens e Mulheres Acolhidos no Brasil” (Relume Dumará, 2006). E partiu dessa Psicóloga Clínica, Pós-Doutoranda em Memória Social pela UNIRIO o convite para que a professora do UNIFOR-MG participasse dos eventos no Rio de Janeiro. Como um círculo, os fatos são recontados, e este texto remete ao seu início.

É urgente registrar que a Profa. Dra. Sandra de Almada Mota Arantes vai muito além de citações. Nos últimos tempos, conheceu pessoas que sobreviveram ao Holocausto. Carrega as memórias desses encontros, que se transformaram em laços. Os detalhes sobre esses entrevistados estão registrados em seu livro. A expectativa é de que sua obra seja finalizada em outubro deste ano.